terça-feira, 25 de novembro de 2008

Poesia em branco

Durante os anos em que morei na cidade de Cachoeiro de Itapemirim – ES, sempre acordei bem cedo, pois gostava de começar logo de manhã no serviço. Eu caminhava à beira do rio Itapemirim e ficava embevecido com a revoada das garças, seguindo o curso do rio até seus campos de alimentação. Eram branquinhas e me inspiravam a liberdade de se viver.

À noitinha, quando eu retornava, ficava admirado com o rumo de suas silhuetas brancas procurando seu ninhal para passarem a noite. Era como eu buscando meu ninho, meu refúgio das incertezas da vida.

Abaixo segue um texto de JB Alencastro que achei no Recanto das Letras. Achei muito apropriado.

 

“Garça”

No finalzinho da tarde eu vejo a revoada. Aqueles pescoços compridos todos encolhidos. Estão indo para o ninhal. O vôo é lindo, tranqüilo, sem alvoroço. Daqui de baixo o bico é amarelo e longo, parece um punhal de tão fino. As aves são o que comem. Cada bico tem uma função e uma forma. As penas são brancas e as patas pretinhas. Ela é enorme, talvez um metro. É uma garça.

Poesia voando. Poesia planando. Poesia pescando. No alto do bambuzal foram feitos os ninhos das grandes. Fica a uns oito metros do chão. Na metade do caminho moram as pequenas. A diferença é que o bico da pequena é preto e ela é a metade da outra. No ninho feito de gravetos mais ou menos arrumados, ficam uns 3-6 ovos claros. Por favor, me entendam, as grandes são de uma espécie e as pequenas são de outra.

Existem muitos tipos de garças, e tem até cidade com nome dela. São lindas, gosto das duas que falei acima e também da vaqueira. Aquela que come carrapato do boi, mas essa não mora na água e nem faz ninho nas árvores. Ela é africana, importada, chegou no Brasil quando ele nasceu, em 63. A diferença é o peito amarelo. Garça de verdade é toda branca, noivinha.

Garças fêmea e machos se enfeitam no período do acasalamento, pluminhas fofas aparecem no peito e nas costas. Fazem um penacho no pescoço e na cauda também. Chamam-se egretas, essas penas. Deu-me pena saber que muita gente caçou essas meninas só para tirar os enfeites. Maldade da grossa.

Mesmo morando no lodo e pescando peixinho elas estão sempre limpinhas. É que tem uma substância, um pozinho azul, que elas passam nas plumas. O dedo do meio do pé é especial para isso, existem umas serrinhas em forma de pente. Elas não mergulham e nem filtram água. Só fincam.

Fincada de garça é igual flechada no coração. Não tem erro não. E se a voz delas é um cacarejo meio grosso, meio duro, é só fita. Elas são dóceis e belas. Na cidade em que ele nasceu tem um clube chamado Jaó, elas se juntam lá para dormir. Centenas delas, uma alvura total.

Eu quando durmo sonho sempre. Ninguém consegue adivinhar os sonhos e nem impedi-los, né? Acho que a vida inteira vou dormir no branco e sonhar colorido. Igual garça que voa no azul e desce no verde para deitar.

JB Alencastro

sábado, 15 de novembro de 2008

Questionando um sentimento

Quando estava saindo da ingenuidade da infância e adentrando os sinuosos caminhos da adolescência, gostava de ir a bailinhos tipo “festa americana” que fazíamos. Isso no final da década de 1970. Os hits mais tocados eram dos Bee Gees, devido ao estrondoso sucesso de “Os embalos de sábado à noite” com John Travolta e seus requebros. Tudo começava com umas músicas bem agitadas, tipo “Disco Inferno” e a galerinha ia se requebrando e relaxando para a fase seguinte da festa: a “música lenta”... Nessa hora, quando o som desligava e ficávamos uns 15 minutos parados, conversando, instintivamente os meninos iam para um lado do salão e as meninas para o outro. Parecia um jogo.

Aí começava a “música lenta”.

Os meninos iam, um-a-um, para o lado em que as meninas se encontravam e perguntavam se ela queria dançar aquela música com ele. Caso ela aceitasse, podia até rolar um selinho no final do baile. Caso contrário, o menino colocava o rabo entre as pernas e voltava, geralmente com as mãos para trás e um radiante sorriso amarelo no rosto, para o grupinho dos rejeitados. Lembro disso perfeitamente, pois levava muito “carão” naquela época. Mas tive meus momentos de glória também.

Uma “música lenta” daquela época que me marcou muito, pois foi com ela que dei o primeiro beijo de minha vida na menina mais linda da cidade na época (hoje em dia tem muito mais meninas lindas em minha cidade), foi “How deep is your love” dos Bee Gees.

Mando abaixo a letra com uma tradução bem livre para se entrar no clima romântico da época.

 

HOW DEEP IS YOUR LOVE ?

Quão profundo é o teu amor ?

 

I KNOW YOUR EYES IN THE MORNING SUN

Eu conheço seus olhos na manhã ensolarada

I FEEL YOU TOUCH ME IN THE POURING RAIN

Eu sinto você me tocar durante a chuva caindo

AND THE MOMENT THAT YOU WANDER FAR FROM ME

E no momento em que você se afasta de mim

I WANNA FEEL YOU IN MY ARMS AGAIN

Eu quero sentir você nos meus braços novamente

 

THEN YOU COME TO ME ON A SUMMER BREEZE

Então você chega para mim numa brisa de verão

KEEP ME WARM IN YOUR LOVE

Me mantêm aquecido em seu amor

THEN YOU SOFTLY LEAVE

Então você suavemente se vai

AND IT'S ME YOU NEED TO SHOW

E é para mim que você precisa mostrar

 

HOW DEEP IS YOUR LOVE

Quão profundo é o seu amor

HOW DEEP IS YOUR LOVE

Quão profundo é o seu amor

HOW DEEP IS YOUR LOVE

Quão profundo é o seu amor

I REALLY MEAN TO LEARN

Eu realmente pretendo aprender

 

'CAUSE WE'RE LIVING IN A WORLD OF FOOLS

Porque nós vivemos num mundo de tolos

BREAKING US DOWN

Que ficam nos aborrecendo

WHEN THEY ALL SHOULD LET US BE

Quando todos eles deveriam nos deixar em paz

WE BELONG TO YOU AND ME

Nós pertencemos um ao outro

 

I BELIEVE IN YOU

Eu acredito em você

YOU KNOW THE DOOR TO MY VERY SOUL

Você conhece o caminho para o meu verdadeiro ser

YOU'RE THE LIGHT IN MY DEEPEST DARKEST HOUR

Você é a luz nas minhas horas mais negras e profundas

YOU'RE MY SAVIOR WHEN I FALL

Você é o meu amparo quando eu caio

AND YOU MAY NOT THINK I CARE FOR YOU

E você pode não achar que eu me preocupe com você

WHEN YOU KNOW DOWN INSIDE THAT I REALLY DO

Quando você sabe profundamente que eu realmente me preocupo

AND IT'S ME YOU NEED TO SHOW

E é para mim que você precisa mostrar

HOW DEEP IS YOUR LOVE

Quão profundo é o teu amor.

 

Sei que a letra é bem romântica e a sensação de nostalgia imensa.

Vou te convidar a fazer um jogo...

Feche seus olhos e faça de conta que você esteja cantando essa música para a pessoa que mais ama, realmente querendo saber a profundidade do amor dela por você. Agora, pense que a pessoa que você mais ama esteja cantando essa música para você, querendo sinceramente saber a intensidade do seu amor por ela... entre pessoas que se amam é lindo demais.

Agora te proponho um desafio: pense em você cantando essa música para a pessoa mais especial do Universo – Jesus (sou cristão, não posso mentir – meus amigos mulçumanos que me perdoem, mas já imaginou cantar isso para Maomé?).

E o contrário, pense em Jesus, Criador, Rei e Senhor do Universo cantando essa música para você.

A coisa mudou de figura, né?

Mas te digo, com veemência e insofismável sinceridade: nenhuma letra romântica, por mais romântica que seja, vai poder descrever a intensidade, a profundidade, a verdade do amor que Jesus tem por você. E por mim também.

sábado, 25 de outubro de 2008

O pesadelo e o sonho

Vivemos em um meio um tanto surreal! Sonhamos com todos os aspectos de felicidades (para nós, é claro) nos quais nossa vida pode se realizar e deixamo-nos levar pela solícita impressão de que seremos ou realizaremos aqueles sonhos!

Qualquer desvencilhar de nossos sonhos são chamados pesadelos. Aqueles momentos em que a “força” parece nublar e há uma falha em nossas perspectivas. Uma quebra dos céus sem nuvens no qual vivemos. Um desvirtuar momentâneo de nossas expectativas e planos. Um vago e indelével sentimento de impotência frente ao desabar de nossos desejos. É o amargo pesadelo!!! O desconforto maldito de não realizações. De tarefas irrealizadas e vontades banalmente quebradas. De desvio inatural da realidade factível para um quarto obscuro e sombrio de imprevisões. Ele se manifesta!!!

E qual mortal que se diz imune aos pesadelos? Aos contratempos de suas vidas e sonhos??! De um amargo remorso de algo feito e não mais recuperável?

São esses pesadelos que permeiam nossas vidas e nos moldam. Nos fazem zumbis de uma felicidade inóspita onde o convencional reflete o necessário e bendito fim, mas o fim nos vassala com seu destempero e amargor. Das certezas desses carbonos estelares que nos formam, uma é a etérea finitude e outra o intrínseco sofrer. Nascemos com o sorriso estampado da derrota e nos vemos no fulgor das lágrimas esculpidas, famigerando por faces ambíguas, devoradas por futuros inconclusos. Permeamos vastos oceanos de dor, martírio de momentos infindados e amores inacabados. Somos prisioneiros de nossos pesadelos, os quais nos são caros e dolorosos, incorruptíveis e eternos. Álea jacta est! E perdemos feio!

quarta-feira, 8 de outubro de 2008

Réquiem do observador

Me desapego a tudo, mas me comove o mundo. São espasmos de violência e descaso com cada um de nós que as palavras me vêem aos borbotões, incoerentes, dominando o silêncio em minha estupefação.

As imagens são fortes e não há mais lirismo nelas... apenas observo, absorto.

Me parece que o peso etéreo do tempo sobre meus ombros não me concedeu sabedoria para captar o que ocorre à minha volta. Então, tento de uma forma carnívora, destrinchar às garfadas essa tela lúgubre que me assalta os sentidos: não mudou o mundo. O homem mudou, e para pior!

O imolar incessante de vidas alheias, que são exatamente isso: vidas alheias! Não nos atinge mais o impacto da revolta e da repudia. Estamos, realmente, nos conformando à nossa natureza animal e nos distanciando do divino.

Me atrevo a observar, e, como observador, isolar-me dos fatos.

Vejo jovens degolados e uma audiência sombria de desprezo pela vida perdida. Jovens atrelados às suas posses, alienados pelo que possuem, dividindo a crueza de sua inveja aos que ainda não têm. Olhos soberbos de ganância e mentes infladas de desejos obscenos, obscuros. Vejo sombras e o umbral se fechando sobre essas vidas, prometendo um fim escarlate de adrenalina e brevidade.

A quem deixar meu réquiem? A quem entregar o périplo incircunciso da curiosidade inata? A quem deixar o mundo, se do mundo nada mais resta?

Sento-me sobre a rocha e observo o langor do tempo perpassar pelas vidas indolentes.

segunda-feira, 29 de setembro de 2008

Retorno ao desterro

É, estou de volta à estrada. Passei mais de um mês sem postar... interessante! Foi quase uma hemi-morte (existe isso?). Mas li bastante! Tem tanta coisa nova para se discutir e analisar...

Por exemplo o novo advertising de uma famosa marca de cerveja brasileira que está passando na TV. 120 anos!!! Puxa, que bacana!

Dizem que é a nossa cara!

É, realmente temos cara de "bebum". Alcoólatras inveterados.

Quantas vidas que foram pra “vala” por causa dessa cerveja?

Quantas famílias destruídas, por causa dessa cerveja?

Quantos jovens alienados, por causa dessa cerveja?

Quantas vidas ceifadas, por causa dessa cerveja?

É, realmente essa cerveja faz parte de nossas vidas e histórias, como tantas outras.

Também li sobre eventos futuros: adoro teorias de conspiração.

Li que o mundo vai acabar e tem data específica: 21/12/2012 – solstício de verão – sábado.

Até estão dizendo que os Estados Unidos estão produzindo caixões em massa para o evento. Campos de concentração e tal!

Não sei se vou esperar até lá.

Mas quem quiser, vou postar alguma coisa sobre o tal evento, incluindo os links para as informações dos caixões e dos campos de concentração.

A net está me deixando cada dia mais inteligente!

Deve existir inteligência, ainda, no cyberespaço. Acho...

segunda-feira, 18 de agosto de 2008

Bílis negra - Melancolia

Melancolia, como diz Mário Quintana, é uma maneira romântica de ficar triste.

São olhos abarcando o infinito, contemplando e nada enxergando!

É uma esperança desesperada do que é posto inatingível!

Completa sensação de impotência... solidão interna...

É o viver por viver, existir por existir, só respirar.

O abandono de si mesmo, seus planos, sua vida.

Morte em vida. Desgosto de estar aqui, existir.

Esperar tudo do que não há mais a esperar.

Sem comiseração, sem ilusão, sem risos.

Definhar por não mais se amar ou ter.

Desistir. Se derrotar. Aniquilar-se.

É extinguir-se sem renovação.

Inação por não mais poder.

Esperar, ansiar o fim.

Deixar-se acabar.

Recolher-se.

Chorar....

sábado, 9 de agosto de 2008

Janela, observador e o anjo

Observo a vida passando pela janela. Vejo as faces dos transeuntes: todos levam uma marca de dor e sofrimento. Raros os que trazem um pequeno brilho de alegria nos olhos. À distância, os montes graníticos, com seus cumes cobertos de uma hiléia idílica, deixam-se abusar das nuvens lânguidas que lhes sussurram as faces com promessas úmidas.

O sol, em um vertente glorioso, no zênite de seu beneplácito, observa com ardor a precessão dos equinócios, anunciando uma primavera plena de novidades. Um ciclo se finaliza e se aproximam novos começos. O tempo, letárgico e surdo, ignora as súplicas dos derrotados.

Como Sêneca, recebendo a ordem de Nero para se matar, sento-me desditosamente e contemplo a imensidão. Se não fosse um suposto complô, o de Pisão, este filósofo estóico talvez vislumbrasse as sombras dos setenta anos. Mas seus pulsos hirtos foram a prova cabal de sua boa escola, a “Stoa” latina, da qual ele não declinou. O admiro.

E a janela não se fecha, com a vida escorrendo por entre suas frestas, num destoar do langor mórbido da tarde morna. Gente vindo e indo, passando pela vida e deixando a vida, rindo do nada e sendo felizes dos terrores alheios.

Fecho os olhos para a hedionda luz que crava minhas pupilas com uma desalmada crueldade da realidade. Procuro enxergar com o espírito para observar a eternidade da consciência. Então, por sobre os resquícios da sanidade, entrevejo o anjo, pairando por sobre a multidão, observando os passos e preparando a colheita de sua foice afiada.

Viro o rosto para não ver o rubor do sangue...

terça-feira, 5 de agosto de 2008

Melancolia e desencanto: desabafo

Sem querer imputar uma visão auto-comiserável ou egoista, mas uma sincera reflexão de minhas perturbações intestinais, demônios ápteros circundando uma mente em ebulição, ávidos por mutilar toda e qualquer esperança, por mais sórdida que esta seja.

Vivo um momento horrível de desencanto e desilusão com a vida. Todos os valores me falharam. De toda a vida que vivi, nada vivi.

Não construí, não edifiquei, não venci.

E o que mais me magoa é olhar para trás e ver que caminhei por sobre a terra como um peso, um desgosto, um inválido, um fantasma, um parasita social.

A melancolia corrói bem fundo meu espírito e minh’alma anseia pela morte.

Não me sobrou mais nada, pois do tudo, até agora, nada tive.

Anos avançando e nada. Nenhuma vitória, somente momentos alegres, mas a alegria de viver me escapou. Estou titubeando à frente de tudo. Até minha juventude me foi roubada.

Me enganaram a vida inteira dizendo-me que eu iria vencer... vencer o quê?

A vida jamais me sorriu. Verdade luminosa neste pântano ébano de solidão e derrota.

Tanto conhecimento para quê?

Tantas provações. Por quê?

Me resta o consolo de que vai acabar. Mas quando?

Queria uma resposta mais clara aos meus clamores. Queria um estalar de novos planos e projetos para o futuro. Mas por quê?

Sentido é uma palavra que me escapa. Motivos é outra palavra que me desamparou.

Tanto esforço e somente o consolo da derrota. Os despojos da inglória. O sorriso escarnecedor de que não venci... fui vencido.

Meu destino será aceitar miseravelmente de que sempre fui uma promessa inacabada... um sonho que jamais se realizou.

Quando que o sonhador irá despertar e me libertar desses grilhões traiçoeiros? Desse vil cumprir do existir, somente por existir?

Por quê tanto saber se este fardo me fatiga e aniquila minhas forças? Viver em um oceano de ignorância e de seres expectantes de algo que somente a ilusão de suas vãs vidinhas, entremeadas de estúpidas intrigas, lhes satisfazem.

Como eu os invejo!

Lhes foi ocultado de que, apesar de pensarem imortais, são nada mais do que esterco da terra que os há de comer. São ignorantes de que a parcela que lhes foi destinada é a mesma ofertada ao rebanho que é imolado no matadouro.

Pelo menos tenho a visão correta de meu horizonte e a percepção sensata de meu destino. Não me ufano da vida, mas busco minha exata posição nesse palco idiota.

sábado, 2 de agosto de 2008

Labirinto: palavras e desencontros

Quero escrever, mas não consigo... acho que é uma overdose de assuntos, imagens, sentimentos, passados, microalegrias e macrodecepções, um devanear espasmódico...

Me alinho junto ao teclado e reflito sobre o que me agita... mas são tantas agitações que o burburinho de meus pensamentos me atordoam. Claro que gostaria de descrever cada sentimento que me atravessa, mas o desejo só fica nesse ímpeto irrealizado. E as palavras não vêem.

Então altero o lay-out da página e começo a discorrer sobre... sobre o quê mesmo? Estou meio perdido, ou meio achado, sei lá. Alguém viu parte de mim por aí?

Talvez o desleixo por minhas próprias vontades e o desapego a tudo e qualquer coisa, a não ser... é mas este “a não ser” prefiro guardar para mim mesmo.

Tudo se torna um tanto transparente e muito óbvio para mim, de forma que me parece tudo irreal e ao mesmo tempo tão corriqueiro. Talvez se eu pudesse esperar pela noite e Mr. Sandman jogar aquela areinha em meus olhos e me entorpecer de sono e sonhos, só que não posso... Então jogo as palavras pelo papel como um louco esparge tinta em uma tela e se torna um gênio surrealista. O louco, não eu.

Vou tentar outra vez amanhã. Quem sabe um pequeno vestígio de sanidade me sobra e sussurra algumas verdades? Ou segredos? Ou, melhor ainda, um insight?

Amanhã vou tentar escrever algo e espalhar as palavras de forma coerente, acho.

quinta-feira, 31 de julho de 2008

Deixando o porto

E não houve frase alguma dita, nem uma explicação. Apenas o silêncio e o desprezo que a distância e o tempo vão tornando suportáveis.

Valores foram criados e um cimento de cumplicidade foi se solidificando com o passar dos anos. A confiança mútua e a fé em um futuro amalgamados foram infiltrando em suas vidas de forma resoluta e irretratável, de maneira que um era o porto seguro do outro. Um morreria pelo outro, um viveria pelo outro, um venceria pelo outro, sempre juntos... sempre.

Conheciam-se bem, de tal forma que um já sabia o que o outro diria apenas pelo olhar. Ás vezes não era preciso nem isso, somente um pensar e a química da alma transmitia o que o outro desejava. Pareciam perfeitos... criados um para o outro. Nada parecia poder separá-los: nem a distância, nem o tempo... nada. Não tinha jeito mesmo...

Mas um tomou o curso de seu destino em suas mãos deixando o outro no porto... e a dor mutilou aquilo que de perfeito seus corações haviam criado.

Agora resta o silêncio. Restam malditas lembranças que atormentam um e revigoram o outro.

Resta a distância, que separa um e sepulta o outro.

Resta a vida, que alimenta um e aniquila o outro.

Agora, só resta...

terça-feira, 29 de julho de 2008

Momentos não voltam jamais

O silêncio imperava. Somente uma luz transcendente filtrava da clarabóia e iluminava o corpo sobre o mármore. Era a capela do hospital.

No dia anterior, tudo tinha transcorrido quase normal. A não ser uma homenagem a ser recebida em nome da firma na qual trabalhava, o resto havia sido o trivial, rotineiro.

Sua irmã havia ligado, perguntando se não iria visitar a mãe, que se encontrava na cidade já há mais de uma semana. Ele planejou ir à sua casa após o serviço, tomar um banho e ir visitar a mãe, antes de seguir para o salão e ser homenageado.

Passou para uma breve visita. Sua mãe estava ajoelhada junto à cama, lívida de dor, de uma osteoartrose que a incomodava. Mas estava, no mais, tudo bem. Em breve ela faria uma cirurgia e colocaria uma prótese no lugar da cabeça do fêmur, que transpassava-lhe as carnes como um punhal, uma vez que a artrose havia comido o osso e transformado-o em uma lança.

Daí a 2 dias ele a pegaria e a levaria de volta para sua cidade natal.

Ela visivelmente ficou encantada com a visita do filho. Apesar da dor inclemente que sentia na perna, ela o recebeu com alegria, pois o amava intensamente. Rapidamente, ele comentou que estaria recebendo um prêmio em nome da empresa naquela noite e logo após iria a uma festa concedida pela rede de comunicações que homenageava sua firma.

Sua mãe ficou encantada, com os olhos cintilantes de alegria e orgulho.

Ele despediu-se, dando-lhe um beijo no rosto e dizendo: até mais!

A festa foi normal, com bebidas requintadas e canapés de todos os gostos.

No dia seguinte, ao acordar meio ressaqueado, pensou que jamais havia dito à sua mãe que a amava e decidiu: bom, hoje faço-lhe outra visita e digo.

Na firma, sua irmã, logo pela manhã ligou dizendo que era urgente a presença dele junto à mãe. Na mesma hora ele pediu licença ao seu gerente e foi.

Chegando ao hospital, a equipe de médicos que haviam atendido sua mãe o recebeu e disse-lhe que ela acabara de falecer, o que o atingiu como um soco no estômago.

Ele pediu para ver o corpo e lhe foi dito que estava no necrotério da capela.

Chegando lá, a luz emoldurava a mortalha que envolvia o corpo. Descobriu o rosto e notou que os olhos estavam úmidos e semi-abertos, como a esperar por ele.

Nesse momento, a crueldade do tempo lhe soprou aos ouvidos a palavra que ele jamais havia dito à sua mãe e que não mais poderia fazê-lo: eu te amo!

O tempo é senhor de nossas vidas e não temos qualquer controle sobre ele, e muito dificilmente sobre nossas próprias vidas.

Não deixe que a passagem do tempo, a travessia do rio da vida ou o seu orgulho impeçam-lhe de dizer o quanto você ama alguém. Faça-o agora!

segunda-feira, 28 de julho de 2008

Finito e eterno

Perdem-se na distância do tempo, as lembranças...

O amor acaba? É uma pergunta para não se fazer aos apaixonados.

Como disse o Poetinha: ...que seja eterno enquanto dure... E o Poetão: ... posto que é chama...

Dir-se-ia que falavam da paixão. Daquele sentimento mais animal, reptiliano, que nos ferve a libido e nos torna semelhantes a qualquer criatura...

Mas, e o amor? A que distância está de nós?

Aquele sentimento que o Poetinha se referia, sim, aquele acaba, e permanece somente a lembrança, ou não.

Porém este, emanando do divino, eterno e perene persiste...

Como lapidar palavras deste parco vocabulário para definir algo assim... tão simples, belo e eterno?

Ah, como esgrimar nas letras um sentimento tão sublime e poder descrever sua brevidade ou eternidade?

Quando mais nada existir; os átomos bamboleando e fragmentando-se no extinguir, persistirá ele ainda ali, pois Quem o criou dele todo é substância, eterno.

sexta-feira, 25 de julho de 2008

O mais íntimo sentimento

Enquanto encaramos a realidade, tentamos enxergar detalhes que a vida nos oculta.

Um casal, por demais enamorado, viveu intensa e longamente, por anos, uma relação ardente, de confiança mútua e cumplicidade. Porém, o jovem, em um ímpeto não pensado, resolveu terminar abruptamente a relação, desalinhando as retas do futuro mútuo, deixando sua companheira da aventura chamada vida, sem norte.

Ele mesmo não tinha desculpas para seu ato, preferindo sufocar, como se esgana uma ave, o amor que a outra nutria por ele, desvencilhando das tentativas de sua amada de uma aproximação, imputando a ela a culpa pelo fracasso dele mesmo.

Os anos passaram, e a jovem mantinha acesa uma esperança de, pelo menos, voltar a vê-lo, conversar com seu amado, escutar sua verdade e razões, aliviar sua intensa dor. Porém, o rapaz mantinha-se impassível, estóico em sua decisão e acabou-se envolvendo com outra.

Sua amada morreu em vida.

Gerações se passaram, e, no entardecer da vida de ambos, veio ela primeiro a encontrar-se com seu destino. O agora ancião, tomou conhecimento do fato e, por fim, conseguiu exprimir palavras referindo-se à antiga relação: foi a mulher de minha vida! Sofri e ela sofreu! Mas permaneci fiel ao que decidi.

Desse frágil e pálido sonho que chamamos vida, sabemos que duas coisas são inevitáveis: a morte e o sofrimento.

A morte por ser a parcela que nos cabe, mas o sofrimento é o fruto de nossas próprias mãos e ações.

E ainda mais vil, o sofrimento, aquele imposto com decisões e atos praticados em favor de nossa suposta alegria e felicidade, que são efêmeros momentos, em detrimento de uma vida de outrem de amargura, desprezo, ressentimento e lágrimas, do que não nos importamos e nem queremos tomar conhecimento.

Assim, na mais solitária das horas, olhando-nos no espelho, nos enxergamos ordinários demônios de nós mesmos, criadores do sofrimento alheio.

Mas, nos braços de Morfeu, o sonho continua...

segunda-feira, 21 de julho de 2008

Desculpa como arte

Errar todos erramos! Porém esquivar-se do erro é algo notório e inerente ao ser humano.

Quando tive a oportunidade de fazer um estágio na delegacia de polícia de minha cidade, como complemento ao meu curso de Direito, tive a oportunidade de rever os processos de todos os presos, apenados ou não.

Uma coisa que me chamou bastante a atenção foi que, de todos os 26 processos que revi, que versavam desde homicídio até furto, passando por tentativa de homicídio, latrocínio a porte de drogas, somente em um dos processos o indivíduo apenado reconheceu seu erro e aparentava estar amargamente arrependido.

Os demais sempre tinham uma desculpa lacônica para seu delito: ou havia sido legítima defesa, ou a arma havia disparado acidentalmente, ou a droga havia sido implantada, ou não se recordavam do delito claramente. Cheguei a comentar com o delegado de que todos poderiam ser soltos, pois aos seus próprios olhos, todos eram inocentes, a não ser aquele que reconhecia seu erro e estava profundamente entristecido com seu ato insano.

Alguns caminhões trazem a seguinte frase: Errar é humano, colocar a culpa em outro é estratégico!

Me faz lembrar o caso do Adão bíblico que insinuou que a culpa por ter cometido um erro havia sido de Deus, que havia dado a mulher a ele. E esta, Eva, culpou à serpente.

Errar, sim, é humano. Agora, reconhecer o erro, são outros quinhentos.

Há uma força moral e ética em reconhecer nossas falhas, mas atualmente quem é ético e moral? Exigimos essas qualidades dos outros, mas que não as venham procurar em nós.

Quando agimos desastrosamente contra princípios e valores que nos são caros, sempre nos distanciamos dos erros, imputando às circunstâncias a necessidade de se ter agido de tal forma, mesmo que tal necessidade seja absurda, descabida.

De forma que passamos o tempo mais ocupados em atuar, encobrindo nossos erros, do que evitando comete-los.

Das virtudes que enaltecem o ser humano, reconhecer os próprios erros é uma das mais difíceis de ser praticada. Uma outra, semelhante a esta, é pedir desculpa.

quinta-feira, 17 de julho de 2008

Disparando a flecha

A flecha segue incólume desconhecendo os ventos diáfanos que lhe opõem o caminho, entrincheirando-se cruelmente no alvo que lhe foi concedido. Me ensinaram que três coisas jamais voltavam atrás: sentença proferida, flecha atirada e palavra dita. No caminho sinuoso da vida acabei por descobrir que dessas três verdades, a mais cruel era a palavra, pois da sentença recorre-se e da flecha se esquiva, mas a palavra sempre atinge seu objetivo. Descobri que após dizer algo, mentir, ferir, difamar, caçoar, escarnecer, ou qualquer um dos impropérios vocálicos que nós humanos aprendemos com a vida e todas as imprecações verborrágicas que adquirimos, não há nada dito, feito, vivido, corrigido que possa tornar atrás as implicações que a palavra produz, todas as feridas que abre e todas as maldades que expõe. Por mais que nos desculpemos e demonstremos nossa constrição e arrependimento, nada apaga ou ameniza o estrago que uma palavra mal colocada ou impropério colocado de forma errada faz. Carrego em meus ombros muitos pesares e erros que cometi. Todos os vacilos que foram se acumulando nessa parca e insólita vida que me foi concedida. Mas de todos os pecados que cometi e me arrependi, o que mais atrozmente me dilacera e atormenta são as palavras que falei inadequadamente, pois saíram de dentro de mim, de meu coração e atingiram pessoas que amava. Se me fosse concedido voltar atrás em qualquer coisa que eu desejasse, desfazendo assim erros cometidos, escolheria voltar atrás as palavras que disse equivocadamente, amenizando meu fardo de sofrimento. As palavras têm poder. Seus efeitos duram a eternidade e nos confrontam no infinito. Gostaria de ter nascido mudo a ter pronunciado algumas das mais infames palavras que minha língua desditosa produziu. No seguir desse caminho sinuoso, espero controlar com mais cuidado esse aguilhão que espreita minha boca, e silenciar seu veneno, que atinge o alvo dos corações que mais amo.

segunda-feira, 14 de julho de 2008

Para além do rio

O mais solitário momento é quando partimos, transpomos os umbrais da vida, atravessamos o rio, nos deleitamos nos braços de Tânatos, morremos.

Nessa hora, tudo não mais nos importa, todos os valores se esvaem, todas as crenças se encontram.

E a angústia do último suspiro, do agarrar àquilo que nunca nos pertenceu, de desejar um instante mais o pouco do sofrimento que nos foi concedido.

Sim, a morte nos nivela, nos iguala. É a democracia mais perfeita, onde todos somos iguais... dela ninguém escapa.

E passamos nossas vidas tentando esquecê-la, ou melhor, não querendo lembrar dela.

Mas por fatídica que seja, o relógio de todos correm e sempre nos alcança.

E sobra, no arfar da angústia, uma vela lúgubre, um último olhar daqui para lá, sem volta e sem retorno: a esperança!!!

Borges, para mim o melhor escritor argentino, disse que “a esperança é o mais sórdido dos sentimentos”, talvez por ter morrido cego, de câncer. Talvez por um apego exacerbado à sua mãe Leonor (complexo de Édipo?), talvez por sua plena descrença em uma seita ritualística como o catolicismo romano na Argentina.

Sinto dizer, Borges, mas você está completamente enganado, pois do pálido olhar que nos espreita atrás do umbral, ressoa tenaz a esperança, e dela, jamais declinaremos.

Abaixo, um texto de Borges aos jovens.

INSTANTES

Se eu pudesse viver novamente a minha vida, na próxima trataria de cometer mais erros.

Não tentaria ser tão perfeito, relaxaria mais.

Seria mais tolo ainda do que tenho sido, na verdade bem poucas coisas levaria a sério.

Seria menos higiênico.

Correria mais riscos, viajaria mais, contemplaria mais entardeceres, subiria mais montanhas, nadaria mais rios.

Iria a mais lugares onde nunca fui, tomaria mais sorvete e menos lentilha, teria mais problemas reais e menos problemas imaginários.

Eu fui uma dessas pessoas que viveu sensata e produtivamente cada minuto da vida, claro que tive momentos de alegria.

Mas se pudesse voltar a viver, trataria de ter somente bons momentos.

Porque, se não sabem, disso é feita a vida, só de momentos, não percas o agora.

Eu era um desses que nunca ia a parte alguma sem um termômetro, uma bolsa de água quente, um guarda-chuva e um pára-quedas. Se voltasse a viver, começaria a andar descalço no começo da primavera e continuaria assim até o fim do outono.

Daria mais voltas na minha rua, contemplaria mais amanheceres e brincaria com mais crianças, se tivesse outra vez uma vida pela frente.

Mas já viram, tenho oitenta e cinco anos e sei que estou morrendo.

(Jorge Luís Borges)

sexta-feira, 11 de julho de 2008

De segredos e coração

Os segredos de nosso coração... como nos são caros. São ternos, são amáveis e são cruéis. Como o chão nos falta e nossos pulmões não se enchem...!!

Ah, nossos segredos...!!

Das lágrimas derramadas, enxugadas no travesseiro e nossos soluços ali abafados. Só o sussurrar dos anjos nos acalentando e promessas de alegrias à frente... mas a angústia da espera, como nos corrói! Como torna amargo nosso paladar, tristes nossos olhos. Nos esvaímos em esperanças dúbias e inalcançáveis aos nossos olhos. Envelhecemos...

Ah, nossos segredos...!! Malditos sejam? Não! Benditos, pois só os vivos os têm e só os verdadeiros amigos podem compartilhá-los!

E tem quem nos ama, desesperadamente. No soluço de nosso medo, no desespero de nosso vazio, na dor de nossa angústia e no sofrer do desprezo que nos fazem passar.

Que os anjos nos cerquem e Deus ilumine nossos pés, para que não vacilem na hora de nossa vitória.

quarta-feira, 9 de julho de 2008

Amor sem fim

Sabe quando uma pessoa se torna especial em nossas vidas? Quando não esquecemos nem um dia sequer dela. Para falar a verdade, acordamos pensando nela; passamos o dia pensando nela; deitamos pensando nela e sonhamos com ela. Essa pessoa tem que ser muito especial mesmo!! Tem que nos transparecer confiança, cumplicidade, amizade extrema, intimidade única, responsabilidade. São pessoas às quais confiamos nossos mais íntimos segredos; compartilhamos nossos mais secretos sonhos; choramos nossas mais amargas lágrimas e vivemos nossos mais intensos momentos (todos eles!). São pessoas que não precisam nos pedir desculpas por algum deslize, pois os créditos dela são infinitos. São pessoas pelas quais nós não daríamos a mão, mas todo o corpo. Nos jogaríamos na frente da bala, só para salvá-la. Um homem acreditou que a minha amizade por ele fosse assim tão intensa e profunda. Quando me vi em uma enrascada, pois descumpri tudo quanto foi lei, na qual fui condenado à morte por um tribunal rigoroso porém justo, ELE nem pestanejou em morrer em meu lugar! Foi quietinho para a morte! Vi isso tudo de perto e hoje compreendo o profundo amor que ELE tem por mim. Ah, o nome dEle: Jesus

segunda-feira, 7 de julho de 2008

Caminho do meio

Nós hoje nos satisfazemos em ter aquilo que nos agrada e desejamos. Tornamos objeto de felicidade àquilo que desejamos, e quando o possuímos, já buscamos outra coisa para nos satisfazer. Somos viciados em felicidade, pensando assim estarmos tornando nossas vidas melhores. Esse é um pensamento antigo, que está voltando, pois Epicuro (300 a.c.) ensinava a mesma coisa em Atenas. Hoje nós somos por demais epicuristas (consumistas) e não sabemos... É o consumo como ferramenta de felicidade. Mas Zenão, à mesma época, ensina que devíamos suportar também as infelicidades, pois nos eram inevitáveis: deveríamos nos tornar estóico (fortes como os pórticos), pois nos ensinava que da vida somente duas coisas eram certas: o sofrimento e a morte. Esse pensamento de Zenão está em desuso em nossa sociedade, apesar de nós vermos diariamente que o profundo sofrimento acontece no dia-a-dia de todos: jovens mortos em acidente de trânsito, assaltante que mata por R$10, político que se corrompe, mãe que joga filho pela janela, ou seja, tanto Zenão quanto Epicuro estão presentes na nossa vida hoje, e infelizmente só conseguimos enxergar o que Epicuro pregava. Mas o caminho não é esse... E qual é o caminho? Ser um devasso? Somente à busca de seu próprio prazer, vivendo a Lei imperiosa de Gérson (o importante é "se dar bem" em tudo!). Ou ser um asceta, excluindo a convivência com o mundo dos prazeres e refreando nossos desejos à busca do prazer? Deus nos deu dois olhos para tudo observarmos, duas orelhas para bem escutarmos, dois braços e pernas para trabalharmos e locomovermos... mas deu somente uma boca, para podermos mais escutar do que falar e um só coração para tanto ser prazeroso e feliz quanto suportar a dor e o sofrimento. Sidharta, a 2.600 anos, falava sobre o caminho do meio, no qual precisávamos achar o equilíbrio entre os dois opostos. Jesus nos abriu a porta para a compreensão desse caminho através dEle. Deus nos deu o caminho do meio... Boa reflexão e ótima semana.

sábado, 5 de julho de 2008

Vendo um pouco mais além

Como enxergar a alma de uma pessoa? Com os olhos? Com o coração? Com o sentimento? Não! Com sua própria alma! Se faz isso através de carinhos, conversas, afagos, dizeres, segredos, choro, sorriso, cumplicidade. Se faz isso com a vida! E a vida nada mais é do que a convivência com outras almas distintas e semelhantes ao mesmo tempo, que aos nossos olhos humanos nos parecem somente isso: seres humanos! Mas quem pode enxergar com a alma vê muito além: enxerga o âmago das pessoas. Seus prazeres, seus segredos, seu amargor, sua tristeza, sua alegria, suas virtudes e seus defeitos - a cor de sua vida! Vamos então começar a enxergar a alma das pessoas, viver essa interação, pois não tarda e deixaremos de ser seres humanos e seremos somente alma. Um dia li que o paraíso não é um lugar nem um tempo, talvez porque não signifiquem nada. O paraíso é ser perfeito! Espero ter feito seu dia um pouco mais feliz. *Op. Cit.: Fernão Capelo Gaivota – Richard Bach (Quem quiser esse e-book pode baixar do site gropius.org/ebooks/capelogaivota.pdf)

quinta-feira, 3 de julho de 2008

De obstáculos e amigos

Quando caminhamos, seguimos olhando o horizonte, às vezes temerosos, às vezes temerariamente. E continuamos a passos largos, rumo a um desconhecido, em direção a algum desafio, qualquer coisa que se torne um obstáculo e que possa ser transposto. Quem nos leva a esses caminhos, a esses desafios? Quem nos faz alcançar horizontes e destroçar obstáculos? Quem nos leva a caminhar? Nossos pés... sim, nossos pés. A parte mais negligenciada de nosso corpo. E são eles que nos levam adiante, que nos sustentam. São eles que nos transportam aos nossos sonhos, aos nossos objetivos. Nossos pés... que vez por outra merecem uma esfregadela, um cremezinho. Mas nada de muito especial. Nem pensamos neles quando tomamos banho. É só uma lavadinha e tchau...!Assim são nossos amigos que se tornam parte de nossas vidas e não percebemos o quanto eles nos levam adiante, nos incentivam e nos cativam. E que tempo temos para eles? Só uma esfregadela, um cremezinho... poucas lembranças!Mas existem aqueles que não nos fazem ir à frente, que não nos fazem enfrentar obstáculos, que não nos levam a enfrentar desafios. Esses são os amigos que nos carregam no colo, que enfrentam os desafios por nós, que transpõem conosco os obstáculos e nos colocam lá na frente. E sabe qual a recompensa que esperam: uma esfregadela, um cremezinho... esses são os amigos verdadeiros, que nos sustentam e amparam, que nos faz vencer e não esperam nada em troca.

terça-feira, 1 de julho de 2008

Decisões indefinidas

Indefinições são inerentes a nós humanos. O bom que demonstra sua não impulsividade... isso é coisa para lesos. Reflete maturidade, bom senso, equilíbrio e ponderação. Mas seria tão bom se alguém decidisse por nós, não? Se assim fosse, não precisaríamos existir. Nossas decisões nos tornam o que somos. Nosso caráter é formado por nossas ações e nossas fraquezas aparecem com nossas inseguranças... ponderar é preciso. Medir o que se ganha e o que se abre mão. Agindo assim, devagar, começamos a conhecer a nós mesmos. Dessa maneira podemos nos enxergar no espelho da vida e vermos como somos: anjos imperfeitos flutuando em um mar de luz... buscando a perfeição.
Haja sempre conforme seu coração e nunca conforme seus desejos... Deixe seu coração falar. Escute-o. Carllos Ricci

segunda-feira, 30 de junho de 2008

O Olho do Criador

Existem coisas que transcendem nossa compreensão:
o amor, o ódio, a alegria, o prazer, a felicidade.
Talvez resida aí a ubiqüidade do ser humano!
Buscar crer naquilo que não compreende.
Já reparou que muitas coisas são duplas: o amor nos
realiza e nos destrói, o ódio nos machuca e nos
compraz, a alegria nos anima e envilece, o prazer
nos satisfaz e nos maltrata, a felicidade nos
incentiva e nos desampara.
E existem nossas duplas máscaras, nossas duplas
identidades.
Nós somos e nos enxergam tendo. Nós temos e
nos enxergam que somos.
O que somos?
Sabe, creio que somos como uma pulga no meio dos pelos de um grande coelho.
A maioria das pulgas fica cá embaixo, se satisfazem com seus amores, ódios, alegrias, felicidades.
Eu não, você não. Nós queremos subir o pelo do coelho e olhar bem dentro dos olhos do criador,
que está acima desses pelos...
Quem nos criou espera que subamos o pelo e que, por pequeno relance, possamos olhar bem dentro
de seus olhos para que possamos ver que ódio, alegria, felicidade, prazer e todas as outras coisas que
nos cercam existem somente para nos dar uma razão de existir. Existir como seres humanos, existir
como a essência do grande criador, que nos amou primeiro.
Vamos subir o pelo, me dê sua mão e vamos olhar dentro dos olhos do criador.
Se conhecer nos dá uma razão para poder existir e querer subir esse pelo. Só precisamos de
companhia.
Cerquem-te os querubins do Criador e as flechas do mal não te alcancem. Durma o sono dos vitoriosos
e tenha a glória dos conquistadores.
Amanhã a gente se fala... vou começar a subir o pelo agora...
Um beijo no coração e um remendo na dor. Carllos Ricci
*Op.Cit: "O Mundo de Sofia" - Jostein Gaarder

sábado, 28 de junho de 2008

A Dualidade das Pessoas

Todos conhecem Nero, por sua malevolidade. Mas
quando perguntado o que mais lhe doía ele confessava que era condenar as
pessoas à morte, porque eram únicas!!!
Nos nossos caminhos, aos nossos olhos, somos sempre retos e justos. Será? O quê
a história diria de nós? Que somos humanos. Temos dois lados, como todas as
moedas. Usemos o lado bom para que se lembrem sempre de como era nosso caráter.
Nunca seremos o que pensamos ser, mas sempre seremos o que os que nos cercam
pensam de nós.
Sei da sua docilidade e de sua alegria, mas também sei de seu amargor e de sua
tristeza.
Não se preocupe, pois sei que as duas primeiras sempre serão maiores em sua
vida.
A noite não nos deixa mentir e não somente os anjos enxergam nossas lágrimas.
Corações distantes também as sentem. Carlos Ricci