Quando tive a oportunidade de fazer um estágio na delegacia de polícia de minha cidade, como complemento ao meu curso de Direito, tive a oportunidade de rever os processos de todos os presos, apenados ou não.
Uma coisa que me chamou bastante a atenção foi que, de todos os 26 processos que revi, que versavam desde homicídio até furto, passando por tentativa de homicídio, latrocínio a porte de drogas, somente em um dos processos o indivíduo apenado reconheceu seu erro e aparentava estar amargamente arrependido.
Os demais sempre tinham uma desculpa lacônica para seu delito: ou havia sido legítima defesa, ou a arma havia disparado acidentalmente, ou a droga havia sido implantada, ou não se recordavam do delito claramente. Cheguei a comentar com o delegado de que todos poderiam ser soltos, pois aos seus próprios olhos, todos eram inocentes, a não ser aquele que reconhecia seu erro e estava profundamente entristecido com seu ato insano.
Alguns caminhões trazem a seguinte frase: Errar é humano, colocar a culpa em outro é estratégico!
Me faz lembrar o caso do Adão bíblico que insinuou que a culpa por ter cometido um erro havia sido de Deus, que havia dado a mulher a ele. E esta, Eva, culpou à serpente.
Errar, sim, é humano. Agora, reconhecer o erro, são outros quinhentos.
Há uma força moral e ética em reconhecer nossas falhas, mas atualmente quem é ético e moral? Exigimos essas qualidades dos outros, mas que não as venham procurar em nós.
Quando agimos desastrosamente contra princípios e valores que nos são caros, sempre nos distanciamos dos erros, imputando às circunstâncias a necessidade de se ter agido de tal forma, mesmo que tal necessidade seja absurda, descabida.
De forma que passamos o tempo mais ocupados em atuar, encobrindo nossos erros, do que evitando comete-los.
Das virtudes que enaltecem o ser humano, reconhecer os próprios erros é uma das mais difíceis de ser praticada. Uma outra, semelhante a esta, é pedir desculpa.
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