sexta-feira, 27 de fevereiro de 2009

O caminho e a saudade

Nem sempre o acaso nos traz surpresas desagradáveis. Certo dia, no serviço, tive que retornar um dinheiro ao meu patrão e senti que havia algo a mais no meu bolso além das retorcidas notas: era um poema.
Não um daqueles poemas de poetas imorredouros, mas um poeminha meu, feito em um banco de bar, embalado pela boemia etilizada de alcoófilos filósofos.
Era uma disputa de quem, naquele momento, poderia fazer um poema sobre uma saudade.
Todos fizeram os seus e os lemos, etilizados diante de uma platéia embevecida pelas palavras imbrutalizadas e dissonantes da realidade de um bar.
Guardei o meu no bolso da calça e, obviamente, a amnésia alcoólica o deixou no ostracismo até achá-lo na trivialidade do acaso acima contado.
Não é lá grandes coisas, mas marca um passado de dor que o tempo anestesiou.

Caminhos

O caminho de meu coração

Você o conhece. É rima fácil.

Consumiu. Gostou. Não foi em vão.

O fez delícia sua. O tornou volátil.

 

Dos destroços que sobraram

Daquilo que foi felicidade,

Da esperança, malditos pedaços restaram

E a amarga e vaga saudade.

 

Habitas meus pesadelos de amor,

Dos quais exausto fujo.

As lembranças me torturam em dor.

Imundo me sinto, todo sujo.

 

Então, meus caminhos acabam

Quando morre minha solidão.

Firme estou, apesar que meus pés vacilam.

Mas continuo. Persigo o sonho com sofreguidão.

Momentos tristes que agora são hilários, contado por um coração já em avançado processo de cicatrização. Espero que tenham gostado.

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