quinta-feira, 31 de julho de 2008

Deixando o porto

E não houve frase alguma dita, nem uma explicação. Apenas o silêncio e o desprezo que a distância e o tempo vão tornando suportáveis.

Valores foram criados e um cimento de cumplicidade foi se solidificando com o passar dos anos. A confiança mútua e a fé em um futuro amalgamados foram infiltrando em suas vidas de forma resoluta e irretratável, de maneira que um era o porto seguro do outro. Um morreria pelo outro, um viveria pelo outro, um venceria pelo outro, sempre juntos... sempre.

Conheciam-se bem, de tal forma que um já sabia o que o outro diria apenas pelo olhar. Ás vezes não era preciso nem isso, somente um pensar e a química da alma transmitia o que o outro desejava. Pareciam perfeitos... criados um para o outro. Nada parecia poder separá-los: nem a distância, nem o tempo... nada. Não tinha jeito mesmo...

Mas um tomou o curso de seu destino em suas mãos deixando o outro no porto... e a dor mutilou aquilo que de perfeito seus corações haviam criado.

Agora resta o silêncio. Restam malditas lembranças que atormentam um e revigoram o outro.

Resta a distância, que separa um e sepulta o outro.

Resta a vida, que alimenta um e aniquila o outro.

Agora, só resta...

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